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CRIAÇÃO
CRIAÇÃO

     A preparação da Força Expedicionária Brasileira



Pensou-se, inicialmente, em formar uma Força Expedicionária constituída por um Corpo-de-Exército, a três Divisões de Infantaria, com efetivo aproximado de 60.000 homens. A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária - 1ª DIE seria constituída com unidades da 1ª Região Militar (Rio de Janeiro), 2ª RM (São Paulo) e 4ª RM (Minas Gerais), com previsão de que as seguintes seriam formadas no Nordeste e no Sul.

Somente quase um ano depois de declarada a guerra foi emitido o primeiro ato de efetiva criação da força expedicionária - a Portaria Ministerial nº 47-44, de 9 de agosto de 1943, que estabeleceu as primeiras normas gerais de estruturação da 1ª DIE, e, no mesmo dia, o Ministro da Guerra, General João Eurico Gaspar Dutra, formalmente, convidou o General-de-Divisão João Baptista Mascarenhas de Moraes para comandá-la, convite imediatamente aceito.

Grande-unidade básica da Força Terrestre, a Divisão de Infantaria era, na organização americana daquele tempo, constituída, essencialmente, por três regimentos de infantaria, formados, cada um, por três batalhões, igualmente integrados por três companhias de fuzileiros. A essa organização rigidamente ternária correspondiam os indispensáveis apoios de artilharia e engenharia, capazes de incrementar a potência de fogo e a capacidade de movimento da infantaria. Na composição da 1ª DIE adotou-se critério mais político do que militar, pois em vez de adaptar-se, como um todo, umas das divisões já existentes, preferiu-se formar uma mescla de unidades aquarteladas no Rio, em São Paulo, Minas Gerais e em Mato Grosso. Assim, o 1º Regimento de Infantaria - 1º RI - tinha sede no Rio, o 2º em Caçapava (SP) e o 3º em São João Del Rey (MG). Dos três grupos de obuses auto-rebocados, de 105 mm, destinados ao apoio direto de cada regimento, dois se formaram no Rio e o terceiro em Quitaúna, São Paulo. O grupo de artilharia pesada, destinado preferentemente às ações de conjunto da Divisão formar-se-ia pela transformação do Grupo-Escola de Artilharia, estacionado em Deodoro, no Rio de Janeiro. E o 9º Batalhão de Engenharia foi organizado em Aquidauana, Mato Grosso. Cumpre, porém, notar que a 1ª DIE não foi integrada, apenas, por cariocas, paulistas, mineiros e mato-grossenses, pois, para manter o efetivo de cerca de 25.000 homens que compuseram a 1ª DIE e seus órgãos complementares, foram convocados brasileiros de toda a parte, havendo passado por exigente inspeção de saúde contingente muitas vezes maior.

Os últimos meses de 1943 foram utilizados na tomada de inúmeras providências, principalmente movimentação de oficiais da ativa, convocação de oficiais da reserva e reservistas, transformação de efetivos e adaptação da instrução militar aos métodos e processos preconizados pela doutrina militar do Exército dos Estados Unidos, com a ajuda de um grupo de oficiais norte-americanos e o envio de oficiais brasileiros para estágios intensivos no exército aliado.


Em princípios de dezembro de 1943, antes mesmo de ser nomeado Comandante, o general Mascarenhas de Moraes acompanhado de brilhante comitiva de oficiais brasileiros e americanos, visitou o norte da África e a Itália, onde se deteve nas frentes de combate. Lá estavam a seu lado, entre outros, o General Anor Teixeira dos Santos, o Coronel Médico Emanuel Porto, o Tenente-Coronel Ademar de Queiroz, o Major Aguinaldo Senna Campos, e os Coronéis Aviadores Vasco Secco e Nelson Lavanère-Wanderley. Entre os americanos, havia o Capitão Vernon Walters, um extraordinário poliglota que, depois da guerra, ficaria famoso por suas "missões silenciosas", a serviço dos Estados Unidos, em diversos países, inclusive no Brasil, a que se ligou de forma extremamente afetiva. Com essa proveitosa viagem se definia o teatro de operações onde os brasileiros iriam operar.

Iniciando, em janeiro de 1944, sua ação de comando, Mascarenhas providenciou a concentração de todas as unidades da 1ª DIE na área do Rio de Janeiro, utilizando-se de aquartelamentos já existentes e de acantonamentos preparados para esse fim.
Na segunda quinzena de março se ultima a concentração. Constatada a inexistência de especialistas para um gama enorme de funções militares previstas na organização americana, fazem-se convocações especiais e cursos de emergência no Centro de Instrução Especializada, então criado para atender as necessidades da FEB. De abril a julho, intensificou-se a preparação militar, realizada com uma série de restrições, inclusive por carência do material bélico com que iria combater. A 24 de maio de 1944, a 1ª DIE realizava um grande desfile pelo centro da cidade, em uma espécie de despedida, posto que já havia sido alertada sobre a possibilidade de viagem para além-mar, na segunda quinzena de junho, de um primeiro escalão de tropas.

Para assegurar o sigilo do embarque, o estado-maior da 1ª DIE preparou um plano de manobras, em que durante o provável período de chegada do transporte de guerra, a Divisão, subdividida em três grupamentos táticos, formados à base de cada um dos regimentos, partiria para as regiões de Santa Cruz, Nova Iguaçu e Recreio dos Bandeirantes, áreas destinadas a seus respectivos exercícios. Na noite de 29 para 30 de junho, os grupamentos 1 e 3 seguiram para seus destinos, mas o segundo, formado à base do 6º RI, dos paulistas de Caçapava, seguia, de trem, para a área do Cais do Porto. Na noite de 30 de junho, o Presidente Vargas despedia-se dos expedicionários a bordo do "General Mann" que, na manhã do dia 2 de julho, zarpava com destino a Nápoles na Itália, escoltado, até Gibraltar, por navios de guerra nacionais e norte-americanos. Os outros dois terços da 1ª DIE, os grupamentos táticos formados à base do 1º e 11º RI viajaram para o teatro de operações, a 22 de setembro de 1944, no "General Mann" e no "General Meigs", respectivamente, constituindo o que se chamou o 2º e o 3º escalões de embarque. Outros dois escalões, o 4º e o 5º, seguiram, a 23 de novembro de 1944 e a 8 de fevereiro de 1945, conduzindo as duas partes do Depósito de Pessoal da FEB, unidade de recompletamento de pessoal indispensável em campanha.

Somente na Itália puderam os três grupamentos táticos da 1ª DIE receber o equipamento bélico com que iriam lutar e realizar seu adestramento final. Chegando a Nápoles a 16 de julho, o 1º Escalão dirigiu-se, inicialmente, para o estacionamento de Agnaro, no subúrbio napolitano de Bagnoli, deslocando-se, entre 1 e 5 de agosto, para a região de Tarquínia, onde foi incorporado ao V Exército norte-americano, e daí para Vada, para submeter-se a intenso treinamento final.

Os grupamentos táticos formados pelo 1º e 11º RI chegaram a Nápoles no dia 6 de outubro e aí prosseguiram viagem, também por via marítima, até Livorno, em 55 LCI, embarcações de desembarque adequadas a operações de invasão. Essa viagem, extremamente penosa devido a forte tormenta, teria levantado a suspeita, nos serviços de informações alemães, de que se tratasse de uma nova operação de desembarque, destinada ao sul da França ou mesmo ao golfo de Gênova. De Livorno, a parte maior da 1ª DIE seguiu, em caminhões, para o estacionamento da Quinta Reale de San Rossore, perto de Pisa, e daí para a área de Filétole, a fim de ultimar seu adestramento.

A 19 de agosto, depois de assistir à invasão do sul da França, o Primeiro-Ministro Winston Churchill visitou tropas do V Exército, em Cecina, onde, identificando soldados brasileiros, referiu-se elogiosamente à participação do Brasil na guerra.

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